“No momento em que pacifico, que derrubo muros impostos por armas de guerra, por que eu, que estou pacificando, vou usar armas de guerra? Temos que desarmar. E não é tirar a arma do policial. É dar mais uma opção. O fuzil pode ficar na viatura, por exemplo. O foco está no treinamento, na capacitação do policial.”

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De algum modo, a entrevista concedida ao Globo é exaustiva em afirmar que o projeto das UPP’s tem cumprido sua parte relativa à segurança, e que a implementação da infraestrutura para que outros serviços do Estado funcionem está deixando a desejar. Aparentemente, algum desconforto político tem atrapalhado as metas das UPP’s estabelecidas pela Secretaria, e Beltrame resolveu partir para o “tudo ou nada”.

Sobre a admissão do Secretário de que a formação policial tem tido uma ênfase equivocada – o direcionamento à “guerra” – provavelmente tal discurso (acertado) está sustentado sobre a recente pesquisa divulgada pelo CESeC, que demonstrou certa tendência insensata dos policiais das UPP’s em se apegar a este modelo. Mas vale dizer que apenas mudar as disciplinas dos cursos de formação é necessário, mas insuficiente. Precisa-se duma mudança mais profunda, que deve atingir os regulamentos, numa revisão ampla que vai desde a política de valorização até a o combate a certos elementos da cultura organizacional. Será preciso muita disposição e apoio político, principalmente no enfrentamento às amarras corporativas. Algo mais difícil, certamente, que conseguir serviços sociais nas UPP’s.

Fonte: abordagem