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CHOQUE DE ORDEM NÃO BASTA. O QUE FALTA É CHOQUE DE COMPETÊNCIA!

tribuna violencia 1O desespero tomou conta do Estado do Espírito Santo… E não tem hora para acabar por um motivo muito simples: falta competência e menos politicagem na segurança pública dos capixabas.

Nunca se matou tanto, se roubou tanto, se praticou todo tipo de crimes como tem ocorrido neste momento em terras capixabas. A população desesperada clama por solução, e o que se lê nos meios de comunicação como respostas das autoridades a esses apelos são evasivas, demonstrando cabalmente a reiterada incompetência complacente e imane.

Fazem festas nos escaninhos do poder quando reduzem os homicídios em 10%, como se a segurança da população se reduzisse a cem homicídios cruéis a mais ou a menos. Algo fantasmagórico e inexplicável parece tomar conta da segurança dos capixabas.

Mas, se vários estados estão de fato conseguindo reduzir drasticamente seus índices de violência e criminalidade, só resta uma explicação para tamanho desespero dos capixabas: a incompetência total reinante. Isso para não termos que pensar numa “aliança” profana entre o poder de fato e o “poder paralelo” com objetivos nefastos de desviar a atenção da sociedade para a criminalidade perpétua. Em lugares sérios, a conversa seria outra!

E vamos as nossas opiniões e sugestões (apesar de falarmos ao vento)

Em primeiro lugar: as Polícias precisam ter de fato um comando único. E não é passando esse “comando” para a Sesp que o problema vai ter solução porque os tecnocratas que assumem aquela secretaria são razoáveis em retórica, mas desconhecem a maiêutica.

A Sesp NÃO é uma polícia paralela! Alguém precisa explicar isso aos secretários que habitam aquela pasta (alguns que por lá passaram até travestidos de “rambo”), antes que a “casa caia” (jargão do poder paralelo institucionalizado). Sesp não é lugar para tecnocratas, e sim para o comando unificado de fato das Instituições Policiais.

Defina o papel de cada Instituição, haja vista que as Polícias Civis são responsáveis pelo poliamento repressivo e as Polícias Militares pelo policiamento ostensivo/preventivo. Fazer policiamento ostensivo sem que se veja nem sequer um policial nas ruas é algo realmente mirabolante que foge à compreensão de qualquer cidadão. E fazer policiamento repressivo com policiais civis fardados é algo meio kafkaniano.

Por que o Estado abomina as delegacias distritais, acabando com todas elas, substituindo por DPJ’s? Por que agora está pretendendo construir “distritões”, retirando os policiais e a investigação dos centros que precisam ser diretamente investigados?

Enfim, segundo o Secretário da Sesp, em sua entrevista para os meios de comunicação, essa tática se trata de uma questão de inteligência. E como somos burros ao quadrado nunca entendemos essa equação einsteiniana. O consolo é que nem nós e nem a população inteira, de norte a sul, de leste a oeste, também entende. Um caso que só Stephen Hawking pode solucionar.

O Governo combate o quê? Tem estatística?

Faça, por exemplo, essa pergunta para o Secretário da Sesp, para o Chefe da PC e para o Comandante da PM: quantos crimes (registrados) contra o patrimônio foram cometidos no último ano no ES, e quantos foram realmente solucionados? Se responderem, mantenha onde estão. Caso, contrário, arrume outros porque desconhecem o que combatem. Se tergiversarem, exonere. Aproveite e pergunte quantos cidadãos, comerciantes ou não, tiveram seu patrimônio vilipendiado seguidas vezes sem qualquer solução.

Faça outra pergunta: existe um órgão estatal responsável pelas estatísticas criminais, no qual todos os dados, fidedignos e atualizados, sobre essa questão vital deveriam estar na ponta da língua? Se responderem, dê parabéns; caso contrário, exonere. Aqui a dica: mande ler este artigo do Código de Processo Penal (art. 809). É nele que deve ser investido para que o Estado tenha estatísticas reais e unificadas e saiba o que de fato vai combater. Mas, essa seção nunca saiu do papel e nunca existiu.

Faça essa outra pergunta: que tipo de crimes deve-se combater primordialmente para diminuir a violência e a criminalidade? Se responderem tráfico de drogas, exonere, pois desconhecem o que combatem. E tanto isso é verdade que a Delegacia de Entorpecentes da PC está caindo aos pedaços, enquanto o Governo compra viaturas e mais viaturas para militarizar setores da Instituição Policial Civil. Isso também foge a nossa minúscula inteligência.

A Sesp pretende achar que, por exemplo, São Paulo possui menos tráfico e menos traficantes do que o ES? Mas o índice de homicídios lá é dez vezes menor do que aqui. Não é estranho isso?! Vai ver que os traficantes paulistas são “bonzinhos” e matam menos.

Polícia Técnico-Científica

Na entrevista nos meios de comunicação, o Secretário da Sesp disse que a solução do problema está na investigação e inteligência. Sábias palavras Excelência! 

Então dá jeito nessa questão aqui: nesses anos todos de polícia nunca vimos um caso de investigação trabalhar concomitantemente com a Polícia Científica. A investigação vai ao local do crime e sai para outros casos; a perícia vai ao local e sai para outros casos. Depois disso, nenhum contato e nenhum trabalho conjunto é realizado.

Afinal, que tipo de inteligência é essa que trabalha a quilômetros de distância uma da outra?

Vamos contar um caso aqui publicamente para ver se a Sesp cai na real: todos devem se lembrar do assassinato do gerente de uma loja em Cariacica que ocorreu há dois meses. Pois bem, pegamos a impressão digital do provável assassino, um rapaz de programa da Bahia (pasmem: ele possui um pedido de prisão em aberto pelo assassinato de um policial militar, e estava solto) num copo de vinho utilizado na cena do crime. Temos nome, foto, endereço, telefone e provas do cidadão que deve ser o assassino. Ele está preso Secretário?

Vamos contar mais um: esta semana, Secretário, pegamos três crimes por meio da perícia papiloscópica, mesmo jogados às traças por sua Secretaria e pela PC/ES: um latrocínio e dois homicídios. Os laudos estão lá para serem feitos, juntamente com mais de cem outros laudos positivos, porque não temos nem dois (somente um) scanner na seção para confeccionar os laudos. E também não temos peritos papiloscópicos porque a Sesp, com sua inteligência astral, ainda deve estar debatendo se deve nomear meio perito papiloscópico a mais ou a menos no concurso em andamento. Nem estímulo para trabalhar temos mais, Secretário.

Dois desses crimes, pegamos em uma motocicleta e em um veículo utilizados para eliminar as vidas das vítimas. Sua Secretaria sabe disso? O Governo sabe disso? Sua Secretaria sabe que deve investir no Departamento de Identificação e na perícia papiloscópica porque somente ela dá este tipo de resultado contundente para a sociedade?

Se sabe, então por que queda calado e permite que sejamos extintos enquanto questões corporativas e burocráticas impedem que cresçamos e possamos corroborar efetivamente para combater os homicídios no ES?

Sua Secretaria se interessou em ler os dados do IBGE que foram publicados no jornal “A Tribuna” afirmando que ocorreram em apenas um ano (2010) mais de cem mil crimes contra o patrimônio no ES? E sua Pasta sabe, desse total, quantas vezes fomos acionados para periciar esses locais? Fomos acionados por sua Secretaria para periciar menos de 1% desse total Secretário.

A inteligência de sua Secretaria, portanto, contraria a lógica cartesiana que apregoa.

A Sesp e a Direção da PC/ES sabem que solucionamos sozinhos, no Distrito Federal, 25% dos homicídios ocorridos por lá? A quase totalidade do restante 75% foi para o Poder Judiciário com base em provas testemunhais ou por flagrante. Ou seja: dos homicídios que foram para a Justiça com base em provas materiais (periciais) fomos responsáveis pela quase totalidade dos homicídios solucionados no DF.

Enquanto isso, aqui no ES sua Secretaria vai investir na SPTC. Vão adquirir que tipo de elefante branco dessa vez? Vão investir quanto e o que no Departamento de Identificação? Vai ser o delegado que comanda a SPTC neste momento que vai dizer isso para sua Secretaria? Bastante inteligente! Sigmund Freud ficaria com inveja!

O Chefe da sua Polícia, em vez de ouvir todos os representantes dos policiais, buscando democratizar sua atuação e encontrar soluções em prol da sociedade, profere frases como essas, dita no último movimento de protesto dos policiais: “sou como vara de goiabeira: envergo, não quebro, e quando volto venho chicoteando tudo pelo caminho”. E nisso, fica sem saber o que de fato necessita, pois ouve somente quem o interessa, e não quem deveria. Atitude ótima para a inteligência da segurança pública.

Governador: seu governo está com uma bomba relógio nas mãos. Mas entregou a ignição do estopim para a velha retórica néscia e inoperante, responsável direta pelo caos que capeia combater. Combata a coisa certa! Porque ao que se assiste é o povo sendo combatido, e não os criminosos!

Retórica irritante e comprometedora!

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