Estávamos lendo uma matéria no site globo.com, na qual várias autoridades, de todos os três Poderes, manifestavam sua repulsa pela divulgação de uma foto com os presos da operação “voucher”, realizada Polícia Federal no Ministério do Turismo.
Na imagem divulgada, seis presos na operação foram fotografados de frente, cada um deles segurando uma placa com seu nome.
Em que pese toda a repulsa sentida por membros dos Poderes, tão contundente quanto a rapidez com que os envolvidos na operação foram soltos, fica-se imaginando que motivos levam pessoas tão “sensíveis” a não sentirem e dispensarem igual tratamento quando se trata de respeito por direitos elementares de policiais.
Evidentemente, não se vai aqui fazer proselitismo barato em cima de teses de defesa de direitos humanos, ainda mais quando partem de fontes que historicamente entendem que policiais seriam seres super-humanos ou subumanos, mas dignos de perceberem salários miseráveis em ambos os casos e de passarem todo tipo de necessidades.
Mesmo porque, essa sensibilidade toda geralmente sucumbe diante dos direitos do servidor público exatamente incumbido de colocar muitos desses defensores das teses unilaterais aplicáveis somente aos endinheirados, que ficam menos de trinta minutos pagando pelos rombos que causam ao erário.
Entretanto, para os que entendem que o vazamento das fotos é "uma violação do princípio da dignidade do preso" ou "O uso de algemas eu considero uma coisa muito subjetiva, não dá para dizer de longe se foi adequado ou não. Mas, fotos nessas condições não pode fazer. Tem que coibir e punir" ou "É abuso, é colocar o cidadão numa situação vexatória, é o escracho para humilhar" ou “é inaceitável”, portanto, absolutamente repulsivo, pergunta-se:
Fazer policiais penarem oito anos ininterruptos sem uma lei de aposentadoria, muitos deles tendo seus salários reduzidos drasticamente quando acidentados em serviço ou vitimados por moléstia grave, é “escracho” ou “vexatório”?
Fazer policiais invadirem quartéis e locais de trabalho para reivindicarem “aumentos” salariais de quinhentos reais e direitos previdenciários básicos reconhecidos a todos os demais trabalhadores, ou para reivindicarem piso salarial nacional de três mil reais, é para “humilhar”?
Fazer policiais passarem toda a vida mendigando direitos elementares, locais de trabalho que não se assemelhem a pocilgas e condições dignas mínimas para o exercício da profissão, vivendo ao Deus dará com suas famílias, é caso para “coibir” e “punir? É caso de “abuso”?
Poderosos sensíveis: batam uma foto nossa conjunta segurando nossos nomes diante das câmeras e publiquem onde bem entenderem. Mas, tenham complacência e enviem 0,0001% da grana com que se locupletam na cornucópia da fartura para os reles e “insensíveis” policiais brasileiros! Pode ser até a dos “trocados” do caixa dois!
E, de quebra, deem uma choradinha pela miséria e pela falta de respeito que vocês impõem aos direitos dos policiais!