Foram vinte anos de muita luta para que o Estado realizasse concurso para o cargo de perito papiloscópico… E o que se assiste é a uma debandada geral de muitos colegas que ingressaram no cargo, por causa dos baixos salários e da total falta de investimentos no Departamento de Identificação Humana capixaba.
Das 70 vagas existentes e com a nomeação de quase todos os 93 aprovados (só resta nomear 3 peritos que inexplicavelmente o Estado ainda não nomeou, já que existem as vagas), somente 51 peritos ficarão no cargo, continuando a defasagem gritante nos quadros da categoria.
Vários peritos estão saindo totalmente incrédulos com o abandono do Departamento de Identificação, que nem um laboratório e materiais básicos possui para auxiliar na elucidação dos crimes. Relatam também o total descaso com os direitos da categoria, que em muitos casos continua sem ser acionada para periciar casos de crimes graves (o que ocasiona o aumento da impunidade), e com a localização de peritos apenas para dar cabo a mutirões semanais de carteira de identidade que ferem a cidadania, haja vista que possuem cunho eminentemente politiqueiro.
Esta semana, tivemos que criar a maior confusão para que os peritos papiloscópicos fossem acionados para periciar o assalto ao Banco do Brasil de João Neiva (01/09), sendo que quando lá chegaram o local havia sido liberado por um incompetente travestido de servidor público ou mal intencionado.
Paralelamente, os salários pagos em outros órgãos são muito superiores aos pagos aos peritos capixabas, fazendo com que muito bem classificados e preparados, mas aprovados em outros concursos, deixem os quadros da categoria e procurem novos horizontes. Muitos relatam que estão saindo com muita pena porque queriam ficar, mas o descaso é muito contundente com a Polícia Técnica capixaba.
Enquanto isso, o Estado anuncia um novo concurso para a Polícia Civil, e deixa de fora o cargo de perito papiloscópico, como se quisesse deliberadamente que nada funcione na segurança pública e na identificação humana e suas perícias imprescindíveis para a elucidação dos crimes.
O Estado gasta muito com cursos de preparação, trazendo professores de fora para deixar os integrantes da categoria a par do que há de mais moderno, mas não investe absolutamente nada e continua praticando sua política de achatamento constante dos salários da perícia oficial capixaba. No final, joga dinheiro no lixo! Para que se tenha uma ideia, os professores têm que trazer materiais básicos de fora para dar aula porque não existe nenhum aqui no ES.
Estamos ultimando um dossiê para enviar ao Ministério Público e aos órgãos interessados, relatando essa situação dramática por que passa o Departamento de Identificação. Investimentos são anunciados na imprensa, mas nunca saem do papel. E quando saem, são feitos de forma equivocada, perpetuando a política de valorização de verdadeiros “elefantes brancos” que nada trazem de benéfico para a sociedade.
Mesmo com todo o caos, o Departamento de Identificação é o órgão pericial que mais resultados positivos dá para a sociedade, proporcionalmente aos casos em que é acionado para atuar. Só nos resta um clamor: ACORDA SESP, antes que o ES se transforme num mar de impunidade sem precedentes!