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Recuperação de impressões latentes e DNA em pele humana

 

RECUPERAÇÃO DE IMPRESSÕES LATENTES E DNA EM PELE HUMANA

Autores: Doris Färber¹; Andrea Seul¹; Hans-Joachim Weisser², Ph. D.; Michael Bohnert², M.D.

¹Polícia Federal da Alemanha

²Universidade de Friburgo – Instituto de Medicina Forense

15-02-13

INTRODUÇÃO

   O contato entre o homicida e a pele da vítima raramente deixa algum vestígio que possa ser detectado. A viabilidade de buscas impressões deixadas pelo homicida na pele da vítima vem sendo discutida por vários cientistas forenses.

   A Polícia Federal da Alemanha iniciou um projeto de pesquisa em parceria com institutos de medicina forense para recuperar impressões latentes da pele de cadáveres e avaliar se o DNA do agressor poderia ser recuperado a partir dessas impressões. Após a obtenção de resultados positivos em pré-testes, o projeto foi financiado pelo programa AGIS da União Européia. Também participaram do projeto instituições de pesquisa da Áustria, Dinamarca e Reino Unido.

                Os objetivos foram:

  1. Visualizar impressões latentes na pele humana com o uso de reveladores já utilizados pela perícia;
  2. Explorar o melhor método de extração do DNA para evitar seu prejuízo causados pelos pós reveladores; e
  3. Desenvolver, se viável, a recomendação de um procedimento padrão a ser adotado pela perícia.


MATERIAIS E MÉTODOS

   A pesquisa foi desenvolvida em necrotérios das instituições parceiras envolvidas (Institutos de Medicina Forense da Universidade de Friburgo, Universidade de Viena e Universidade de Oxford). No estudo, foram analisadas impressões em cadáveres de 18 homens e 22 mulheres, com idade entre 15 e 98 anos.

   Foram utilizados como reveladores o pó magnético com aplicador magnético, pó preto convencional com pincel de fibra de vidro, além de material à base de silicone e outro de gelatina adesiva para decalque das impressões.

   As amostras de DNA foram coletadas de 26 doadores que depositaram impressões sobre os cadáveres (simulando a ação de homicidas) e de cada cadáver pela mucosa bucal. A busca e revelação de impressões foram iniciadas de 30 a 60 minutos após a aposição das impressões sobre os cadáveres.

   O material das impressões decalcadas em silicone e gelatina foi coletado com o auxílio de “cotonetes” estéreis. A análise de DNA utilizou oito marcadores genéticos. A extração de DNA com “kits” convencionais mostrou-se eficiente para impressões reveladas com pó preto comum, pois permitiram a amplificação de DNA. Já as amostras tratadas com pó magnético trouxeram uma inibição para a PCR (técnica para amplificação do DNA), o que fez necessária a utilização de um método específico para extração do DNA, utilizando uma membrana de sílica para a eliminação dos inibidores.

RESULTADOS

   Não foi observada influência significativa do gênero ou da idade do cadáver na revelação de impressões ou extração do DNA. No exame da pele dos cadáveres, 16% das impressões foram consideradas de qualidade suficiente para estabelecer uma exclusão e 9,1% para estabelecer uma individualização (Fig. 1). As melhores áreas para a recuperação de impressões latentes em pele humana foram antebraços, canelas e pés. Quanto aos decalques, os melhores resultados foram obtidos com o uso do material à base de silicone.

impressao em pele humana

Figura 1. Impressão digital na pele humana, revelada por pó magnético.

    Para as análises de DNA, a pesquisa conseguiu extrair o DNA de um terço das amostras, tendo sido possível identificar o indivíduo que depositou a impressão em vinte amostras (o que correspondeu a 2% do total).

DISCUSSÃO

   O estudo foi o primeiro a avaliar a recuperação sequencial de impressões latentes e DNA sobre a pele de cadáveres. Foi possível visualizar um número considerável de impressões, o que poderia ser de grande utilidade para eliminar ou identificar um possível homicida, no caso real. A pesquisa também demonstrou ser possível recuperar o DNA do “assassino” a partir de suas impressões deixadas sobre a pele da vítima. Além disso, mostrou que é possível  extrair o DNA das impressões mesmo com a utilização de reveladores e do material de decalque. Os autores esperam que esses resultados venham a encorajar a utilização desse procedimento nas perícias pós-morte. O baixo percentual de DNA encontrado se deveu:

  1. A pouca quantidade de células transferidas para o cadáver (depende da intensidade do contato);
  2. À transferência de células da pele do cadáver para o material de decalque juntamente com a impressão do “assassino”;
  3. À transferência de células para os “cotonetes” que gera perda de material;
  4. Ao método de extração de DNA que influencia muito na qualidade e quantidade de DNA isolado.

   Os autores afirmam que mais pesquisas serão realizadas para melhorar os resultados com a extração do DNA de homicidas a partir de impressões deixadas dobre a pele de vítimas.

Artigo orginal:

FÄRBER, D. et al. Recovery of latent fingerprints and DNA on human skin. Journal of forensic sciences, v. 55, n. 6, p. 1457-61, nov. 2010.

link: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20533973

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