04/08/2013 – 16h13 – Atualizado em 04/08/2013 – 20h45
Retrato falado: tecnologia de ponta para caçar bandido
Imagens se tornaram mais reais e, agora, parecem fotografias
A nova ferramenta é o software conhecido como Horus, desenvolvido e doado ao Estado pela Polícia Federal. Veio substituir o programa utilizado desde 2006, também no computador, mas que mantinha as características da forma antiga de se fazer um retrato falado: um desenho em preto e branco, onde não era possível nem mesmo envelhecer as imagens. “O novo modelo se assemelha a uma fotografia”.
Banco
Agora os retratos são produzidos a partir de um banco de imagens de partes do rosto, como olhos, boca, nariz, orelhas e o contorno da face. Elas são coloridas, com alta resolução e possui uma grande variedade racial. “O sistema permite ainda equalizar os tons de pele”, relata a perita papiloscópica Juliana Arósio Sales.
O trabalho começa com uma entrevista com a vítima. É ela quem auxilia na escolha do rosto, e depois dos detalhes, como olhos, cor de cabelo, nariz , boca e definição da cor. À imagem é ainda possível acrescentar marcas, como as cicatrizes, e disfarces, como os bonés ou piercings.
Uma produção que depende da sensibilidade do perito para lidar com os traumas da vítima. “Temos um caso em que a pessoa levou seis meses para conseguir descrever as imagens”, relata Maurício Soares Braga. Mas o resultado é melhor quando o retrato é feito próximo ao fato. “A memória está mais avivada”, destaca Meire Martins Leite.
Vestígios
Os dois fazem parte de uma equipe composta por dez peritos papiloscópicos, a maioria trabalhando com retratos falados há 20 anos. Eles explicam que, principalmente nos crimes onde não são deixados vestígios, as imagens produzidas por eles são fundamentais na investigação. “A aparência do suspeito ajuda a descartar algumas possibilidades”, observa Luiz Carlos Norbim Gomes, chefe do Departamento de Identificação.
Por ano são feitos cerca de 80 retratos falados no Estado. A maior parte destinada a casos de estupro ou roubos.
Ajuda até para achar desaparecido
Além da identificação de criminosos, o software Horus também pode ser utilizado na localização de crianças desaparecidas. Isso é possível, explica a perita papiloscópica Juliana Arósio Sales, com um dos recursos do programa: as projeções de envelhecimento. “Ele permite atualizar a foto da vítima”, diz.
Também vem sendo estudada pela Polícia Técnico-Científica do Estado um outro tipo de evolução da representação facial, da qual o retrato falado faz parte. Trata-se do reconhecimento de suspeitos, em imagens de vídeo.
Um tipo de trabalho criminal – conhecido como prosopografia – já adotado em vários estados e países. Foi utilizado, exemplifica a perita Juliana, na identificação dos 12 corintianos presos na Bolívia, sob suspeita de autoria e cumplicidade no disparo de um sinalizador que matou um torcedor boliviano de 14 anos.
O trabalho é feito comparando-se traços do suspeito, presentes em uma identificação criminal, com as imagens do vídeo. “Pode ser utilizada a foto feita no momento da prisão ou a da identidade do suspeito para compará-la com as imagens de um vídeo. O programa faz o reconhecimento”, explica Juliana.
Como é feito o trabalho
Horus
Ferramenta (software) que auxilia na produção de um retrato falado. O novo sistema conta com um banco de imagens de partes do rosto, como olhos, boca, nariz, orelhas e o contorno da face. As imagens são coloridas, com alta resolução, e possuem variedade racial. O sistema permite, ainda, equalizar os de tons de pele
Produção
O trabalho começa com a vítima escolhendo o formato de rosto que mais se parece com a face do criminoso. Depois será escolhido o olho, o nariz e a boca. O conjunto terá o tom de pele unificado
Marcas
Ao retrato podem ser inseridas rugas, cicatrizes, marcas ou até mesmo barbas. Podem, ainda, ser adicionados disfarces como barbas, bigodes, piercings, manchas, óculos, bonés, dentre outros adereços. Outra opção é o envelhecimento do rosto.