Em entrevista no jornal “A Tribuna” (25) em que tenta rebater a não computação de crimes nos dados da avassaladora criminalidade que mantêm o Estado do Espírito Santo dentre aqueles com os maiores índices nos crimes contra a vida, contra as mulheres, contra jovens negros e pobres, contra o patrimônio (inacreditavelmente nem sequer computados no ES), e tantos outros também não considerados para fins estatísticos, a exemplos de latrocínios, o secretário de segurança do ES rotulou o movimento sindical dos policiais civis como algo “sem propósito”.
Essa foi sua resposta para não comparecer à convocação pela Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa (26/09/2016) objetivando esclarecer para a população a denunciada manipulação de índices de criminalidade no ES (setores da imprensa divulgam corriqueiramente essa manipulação), esgueirando-se de sua responsabilidade perante a sociedade, os Deputados e os próprios policiais.
O secretário pode não ver “propósito” junto às notícias diárias que estampam o sangue de inocentes que jorra no ES, e também achar um “despropósito” o sofrimento de milhares de família que são massacradas por criminosos desde que ele se encontra na pasta da segurança, pois afinal deve se achar ungido ao vir do Estado de Pernambuco há anos para “solucionar” o caos na segurança pública dos capixabas, ainda que para isso tenha que contrariar as recomendações da ONU para o cômputo dos dados criminais e nem sequer ter um plano de segurança pública minimamente coerente e adequado à realidade de nosso Estado.
O tão autoconfiante Secretário de Segurança também pode talvez não ver “propósito”no desvio de verba de milhões que seria aplicada na modernização da perícia, mas que foi direcionada para comprar bombas para despejar nos manifestantes contra os exorbitantes preços dos pedágios da terceira ponte; e com certeza não ver “propósito” no fato de os policiais capixabas encontrarem-se sem reposição salarial há anos, já frequentando os últimos lugares nos salários policiais do Brasil.
Também não deve ver “propósito” na deplorável realidade de tantas delegacias de polícia absolutamente sucateadas com policiais adoentados e desmotivados; bem como não deve ver “propósito” em combater a sistematização e institucionalização dos desvios de função que aviltam os policiais, a população e a própria legislação que deveria zelar; de igual forma, como poderia o Exmo Secretário de Segurança ver “propósito” no combate ao fomento das usurpações de função pública que faz com que a qualidade do serviço prestado “despenque” e ilegalidade e abusos de todos os tipos ocorram; imagine ver “propósito” em contratar policiais civis para investigar crimes? Ou humanizar as delegacias para receber o cidadão vítima de violência e para dar um local digno para os policiais desempenharem sua função e os advogados exercerem seu papel.
Muito menos há “propósito” na catastrófica realidade de nossa Polícia Civil ter uma perícia que é uma das mais desestruturadas do país, sofrendo de falta de materiais básicos de trabalho, além do conhecido fato de nossos policiais civis se verem humilhados até com coletes balísticos vencidos ou inadequados, armas obsoletas e defeituosas…realmente, tudo muito “sem propósito”, eminente Secretário de Segurança!.
Talvez o secretário veja mesmo “propósito” é nas práticas políticas nos bastidores de divisão entre as forças policiais, em que se fomenta uma “guerra” velada entre policiais irmãos, sendo motivo mais do que suficiente para um pedido de intervenção na segurança capixaba aos órgãos competentes, acompanhada de representação à ONU e à OEA denunciando os dados da verdadeira criminalidade no ES e o colapso estrutural do sistema de segurança pública.
Algo que precisa chegar urgentemente ao conhecimento do Excelentíssimo Governador para não manchar sua política de segurança pública, tal como no seu último mandato, quando o ES foi manchete no mundo inteiro por causa das “masmorras capixabas”, em face da atuação de prepostos que defenestraram sua imagem pública. O “filme” parece estar se repetindo…
Mas, com certeza absoluta, o secretário vê propósito total na sua filiação a partido político para possível candidatura a deputado. Ainda mais quando uma campanha pode ser “construída” sobre dados que iludem a população e com a utilização de todo um sistema com viés conveniente, como infelizmente se tornou comum no Brasil. E quando se desvaloriza os próprios deputados da área da segurança ao não atender pedidos das Entidades de Classe dos Policiais Civis que nada oneram os cofres públicos e que efetivamente auxiliariam no combate da criminalidade, fica uma baba ganhar eleição. Fica aqui a recomendação político-eleitoral…
Secretário: caso realmente venha como candidato, faça como os demais candidatos e construa sua campanha política fora dos quadros da segurança. Deixe claro seu propósito para o povo e para os policiais porque a segurança capixaba continua caótica e necessita de operadores de segurança para colocá-la nos eixos!
A população, os Deputados, os policiais, a ONU e a imprensa querem respostas, e não evasivas reiteradas que não atendem às exigências de transparência de um regime democrático.
ENTIDADES UNIDAS DOS POLICIAIS CIVIS