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‘Clarinha’ vai passar por tratamento para recuperar digitais, no ES

Naiara ArpiniDo G1 ES

Papiloscopistas da Polícia Civil e da Polícia Federal estiveram no Hospital da Polícia Militar (HPM), nesta quarta-feira (20), para tentar colher as impressões digitais de Clarinha, a paciente que foi vítima de atropelamento e está internada em coma há 15 anos no hospital. Mas, como as condições da pele dela dificultaram a coleta, foi sugerido um tratamento para recuperar as digitais.

No início da tarde, os profissionais da Polícia Civil chegaram ao hospital para a coleta. No procedimento foram usadas as seguintes técnicas e substâncias: microsil, entintamento, microadesão e molde de silicone.

No relatório assinado pela papiloscopista Selma Maria Souza, ela relatou “dificuldades em capturar as cristas de fricção das falanges”. Por isso, sugeriu que fosse iniciado um tratamento para recuperação das digitais.

Minutos depois, uma papiloscopista da PF deu início ao procedimento de coleta, que também envolveu as técnicas de entintamento com poleron e microadesão. A Policial Federal também fez registros fotográficos do rosto de Clarinha.

Mulher não identificada vive em coma há 15 anos em hospital, clarinha, HPM, espírito santo (Foto: Esther Radaelli/ TV Gazeta)Mulher não identificada vive em coma há 15 anos
em hospital (Foto: Esther Radaelli/ TV Gazeta)

Para a papiloscopista, ainda não vai ser possível fazer a identificação da paciente com os registros coletados nesta primeira visita.

“A coleta de hoje foi experimental. Como  paciente está com as digitais muito finas, devido à falta de atrito com as papilas dos dedos, a digital vai ficando fininha até desaparecer. Provavelmente não dá para ter nenhuma resposta imediata agora com essa coleta realizada hoje”, explicou Carolini Caprini.

Assim como a Polícia Civil, a papiloscopista da Polícia Federal sugeriu um tratamento para recuperar as digitais. “A gente veio fazer uma prévia para ver como estavam as digitais da paciente. A partir daqui, a gente vai providenciar um tratamento para conseguir uma coleta melhor”, disse.

A papiloscopista explicou que esse tratamento deve durar de 20 a 30 dias. Enquanto isso, a Polícia Federal, pretende integrar o trabalho à Polícia Civil e fazer coletas sucessivas para monitorar a evolução das condições da pele da paciente até que se possa fazer uma coleta eficaz.

A coleta feita nesta quarta-feira (20) passará por um tratamento de imagem e cadastrada em um sistema utilizado pela Polícia Federal. “Nesse sistema, através do confronto de impressões digitais com o banco de dados, conseguimos a identidade do suspeito, que nesse caso é uma paciente”, disse.

O médico tenente-coronel Jorge Potratz, responsável pela paciente, disse que está esperançoso de que Clarinha vá finalmente ser identificada. “Quero muito entregá-la à família e resgatar a história de vida dela”, disse.

Tentativas de identificação
Quando Clarinha sofreu o acidente ela foi levada ao Hospital Estadual São Lucas, em Vitória. Lá, não foi feita nenhuma coleta de digitais. De acordo com a Secretaria de Saúde, os hospitais não tiram digitais de pacientes. E quando chega um paciente sem identificação, o serviço social tenta localizar algum parente ou conhecido.

Um ano depois, a paciente foi transferida para o Hospital da Polícia Militar (HPM). De acordo com o médico tenente-coronel Jorge Potratz, responsável pela paciente, o hospital tentou localizar familiares de Clarinha através do trabalho das assistentes sociais e do Nucleo de Pessoas Desaparecidas (Nuped).

Sem sucesso, alguns anos depois a equipe médica tentou aposentar Clarinha pelo Inss. Assim, ela poderia ser transferida para um asilo ou casa de repouso. Mas, como a paciente não tinha nenhum documento, não foi possível tal procedimento.

Em 2006, a Polícia Civil tentou tirar as impressões digitais de Clarinha, mas a tentativa também foi em vão.

“Por causa das consequências do acidente, a Clarinha perdeu os movimentos das mãos e por isso ficam fechadinhas. O atrito entre os dedos desgastaram a pele e se perdeu a rugosidade. Certa vez, comprei bolinhas para atividades, usamos por 30 dias, mas foi em vão”, explicou Potratz.

Em nota, a Polícia Civil disse que, quando é acionada, a coleta da digital é realizada, no entanto não há nenhuma obrigatoriedade do hospital em realizar este procedimento. A PC também informou que o Espírito Santo possui cadastro de pessoas desaparecidas.

Esperanças
Desde que o caso ganhou repercussão nacional, diversas famílias de todo o Brasil que têm entes desaparecidos entraram em contato com o hospital e o Ministério Público buscando informações sobre Clarinha.

Portratz e a tenente enfermeira Norma, que também cuida de Clarinha, passaram a receber mensagens no celular de pessoas que acreditam ser familiares de Clarinha. Eles recebem histórias e fotos.

“Teve um nome que chegou, e aí eu achei que muitas coisas batiam com as características da Clarinha. Aí eu fui fazer um teste e chamei ela pelo nome. Na hora, ela abriu os olhos. Eu me arrepiei toda”, disse Norma.

O Ministério Público do Espírito Santo informou que está coletando informações dos possíveis familiares que procuram o órgão. De acordo com a compatibilidade das histórias, serão providenciados os exames de DNA que podem confirmar a ligação com a paciente.

Família foi ao hospital saber se Clarinha é a familiar desaparecida (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Família foi ao hospital saber se Clarinha é a familiar
desaparecida (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)

Família de MG foi até o hospital
Pouco depois do término dos procedimento de coleta, nesta quarta, uma família de Minas Gerais chegou ao hospital. Eles disseram que têm uma familiar desaparecida desde 1999, e acreditam que Clarinha possa ser essa pessoa.

A doméstica Carina Morais disse que a irmã sumiu após sair da cidade de Ipanema, em Minas Gerais, dizendo que venderia roupas. Ela saiu de casa sem nenhum documento e deixando dois filhos para trás.

“É muito parecida. A gente está com esperança que seja ela. Todo mundo achou muito parecida”, disse Carina.

‘Cadê?’
O  ‘Cadê?’, que conta atualmente com o registro de 200 pessoas. Somente o estado de Goiás aderiu ao sistema. Mesmo assim, segundo a polícia, já conseguiu identificar uma pessoa desaparecida.

Nesse sistema, as impressões de pessoas desaparecidas são enviadas à Polícia Federal pelos Institutos de Identificação estaduais e pesquisadas numa base biométrica de 20 milhões de pessoas.

Com esse sistema, segundo a PF, é possível encontrar informações com o mínimo de vestígio coletado. Se Clarinha tiver feito alguma cadastro, em qualquer estado, usando as digitais será possível localizar no sistema computadorizado.

DNA
O Ministério Público do Estado (MP-ES) recebeu, desde segunda-feira (18), cerca de 67 ligações referentes ao caso.

As pessoas que tiverem alguma pista da identidade da Clarinha devem procurar o Ministério Público por meio do Promotoria de Justiça localizada no Centro Integrado de Cidadania (Casa do Cidadão) na avenida Maruípe, 2.544, Bloco B, Itararé- ES – Vitória.

As histórias das testemunhas serão ouvidas e caso haja indícios de vínculo familiar com a Clarinha será feito o exame de DNA.  O exame será feito por um laboratório particular em parceria com o MP-ES.

Acidente
Clarinha, como é chamada pela equipe médica, foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória.

O local e o veículo que atropelou a mulher não são exatos, segundo a polícia. Ela foi socorrida por uma ambulância e chegou ao hospital já desacordada e sem nenhum documento.

Polícia faz simulação de como estaria o rosto de 'Clarinha', mulher que vive no hospital em coma há 15 anos, espírito santo, HPM (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)Polícia faz simulação de como estaria o rosto de
‘Clarinha’ (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)

Equipe médica da ‘Clarinha’
Clarinha está na enfermaria do HPM. Diariamente, ela recebe a visita de médicos e enfermeiros, como acontece com qualquer paciente nessas condições.

O médico tenente-coronel Jorge Potratz é o responsável pela paciente e foi ele quem escolheu o nome para Clarinha.

“A gente tinha que chamar ela de algum nome. O nome não identificada é muito complicado para se falar. Como ela é branquinha, a gente a apelidou de Clarinha”, disse Potratz.

A equipe considera o coma da pacienete elevado. “A gente classifica o coma em uma escala de três a quinze pontos. Quinze é o paciente acordado e lúcido e três é o coma mais profundo. Ela não tem nenhum contato com a gente e por isso a gente considera um coma de sete para oito”, explicou o médico.

Meu sentimento é de apego. Como se fosse quase uma filha, porque não tem ninguém por ela “
tenente-coronel Potratz, médico

Ajuda
O tenente-coronel Potratz cuida de Clarinha desde quando ela chegou ao hospital. É ele que compra, com o dinheiro do próprio bolso, o material de higiene pessoal para a paciente.

“Uma pessoa que está internada necessita de produtos básicos para poder se cuidar e se  manter. Higiene pessoal, de limpeza, fraldas. Esse tipo de material eu sempre estou adquirindo para ajudar essa moça”, disse Potratz.

As demais despesas com a internação são pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Cesária
A equipe médica que cuida da paciente tem esperança de encontrar algum parente ou até filho de Clarinha, já que ela tem uma cicatriz na barriga.

“Ela tem uma cicatriz de cesariana. Pode ser que ela tenha um filho que esteja vivo. Isso, realmente, marca muito a possibilidade de alguém da família identificá-la. Eu gostaria muito disso. O meu sentimento por ela é de apego. Como se fosse quase uma filha, porque não tem ninguém por ela”, disse, emocionado, o tenente-coronel.

Fonte: G1/ES

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