Pesquisadores norte-americanos desenvolveram um novo método de identificação humana e acreditam que ele seja tão seguro quanto o tradicional sistema papiloscópico (identificação através das impressões das papilas digitais). O novo método está baseado no reflexo, originado na superfície da pele humana, quando ela é exposta a um feixe de luz infravermelha, combinado ao fato de que a característica de pele de cada indivíduo é única. O potencial de utilização desse sistema na identificação humana só ficou conhecido ao final da última década, junto com o aparecimento de aparelhos de reflexão de luz para medir teores de glicose e álcool no sangue.
A descoberta da possibilidade de uso dessa aplicação biomédica, também em segurança, só aconteceu por acaso, quando verificou-se, nos primeiros instrumentos, que eles não tinham igual confiabilidade de medida para diferentes pacientes com o mesmo teor de álcool ou glicose no sangue. Ou seja, era possível confirmar, com a medida pela luz, o teor “x” de glicose no sangue de um determinado indivíduo (checado previamente de maneira tradicional), sem que a mesma medida se repetisse com outro indivíduo também com “x” de teor. Razão: as características da pele variam de pessoa para pessoa.
O aparelho, do tamanho de uma pequena moeda, consiste de dois “chips” eletrônicos. O primeiro ilumina uma porção da pele, recebendo e processando a luz refletida de volta. O segundo “chip” recebe o código da luz refletida processada no primeiro, comparando esse código (“assinatura” de luz) com um conjunto de códigos arquivados previamente no circuito. Se a “assinatura” constar do arquivo ela será reconhecida, gerando uma autorização, por exemplo, para alguém entrar numa determinada instalação. A operação leva menos de um segundo para ser processada.
O processo envolve pequena capacidade computacional, ao contrário do que acontece no processamento de imagens papiloscópicas e faciais. O circuito eletrônico apenas mede e compara o comprimento da onda de luz refletida. Pelo fato de demandar pouca capacidade de processamento, o novo sistema poderá ser instalado em pequenos espaços, tais como telefones celulares e armas, podendo ser utilizado para restringir a utilização desses objetos a pessoas previamente autorizadas.
O reconhecimento pela pele é mais um sistema de identificação humana que surge, numa época em que as questões de segurança assumem uma importância cada vez maior. Após a tragédia de 11 de setembro, com a destruição dos prédios do “World Trade Center” de Nova York, a questão do controle e registro de pessoas passou a ser vital. Várias aplicações tecnológicas estão sendo desenvolvidas com a finalidade de controlar a identidade dos passageiros em trânsito e que circulam nos aeroportos do mundo. O tema passou a merecer a atenção não só de policiais, mas também de especialistas dos vários ramos da ciência que dão suporte tecnológico às atividades de segurança.
Nesse novo tempo, marcado pela necessidade de sobrevivência diante das ameaças imponderáveis do terror, o sistema de reconhecimento pela pele pode passar a ser mais uma, entre várias, novas opções de reconhecimento humano.
* O Dr. George Felipe de Lima Dantas é especialista em segurança pública