José Carlos Bacchetti
Cento e quarenta peritos papiloscópicos da Polícia Civil paralisaram as suas atividades a partir do meio-dia desta segunda-feira (14), indignados com a proposta do Governo que prevê um reajuste salarial por meio de abonos, conforme prevê a Constituição Federal, unificando todas as gratificações dos salários dos policiais.
Pela nova tabela, o Governo alega que os policiais passariam a ter aumento de 58%, mas os peritos papiloscópicos, segundo o assessor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol), Tadeu Nicoletti Pereira, rebatem a alegação do Governo e afirmam que, pela nova proposta de reajuste, haverá, sim, achatamento de salário.
Segundo Tadeu Nicoletti Pereira, os salários serão reduzidos em média 10%, o que é totalmente inconstitucional. Ele disse que foi exatamente essa questão que revoltou os policiais, que reunidos em assembléia no pátio da Chefatura de Polícia Civil, resolveram fazer uma paralisação de advertência por 24 horas (Operação Pipoca) , em protesto contra a nova tabela do Governo.
De acordo com Pereira, a categoria fez um requerimento conjunto que será encaminhado pela entidade ao Governo, objetivando colocar peritos papiloscópicos no local certo da tabela. Enquanto isso não acontece, nesta segunda-feira (14) não funcionaram vários Departamentos. Na Chefatura de Polícia Civil, os funcionários foram para a frente do prédio com faixas e cartazes de protesto.
Entre os Departamentos nos quais os funcionários aderiram ao movimento estavam os de Identificação Criminal, Carteiras de Identidade, Cadavérico. Boletins de Antecedentes Criminais, Folhas de Antecedentes Criminais e de Retrato Falado. Também não foram realizadas perícias em locais de homicídios e arrombamentos, situações em que é necessário coleta de impressões digitais.
O assessor jurídico do Sindipol, Tadeu Pereira, fez um alerta à sociedade: “A categoria está defasada. O último concurso realizado pelo Governo do Estado ocorreu há 16 anos. Com isso, somente em 16 municípios do Estado existem peritos papiloscópicos. Isso representa que na maioria das regiões não é confeccionado o Boletim de Identificação Criminal. Esse Boletim tem de ser encaminhado para o Instituto Nacional de Identificação”, afirmou Pereira.
Ele disse que está sendo ferida a Lei nº 10.054, que obriga a realização desses boletins. É por meio deles – disse o representante do Sindipol – que é feito o Banco de Dados Criminal para a Polícia Federal ter o controle dos dados de todos os criminosos no país. “Perícias nos locais de crimes estão comprometida”, desabafou o policial. Afirmando que para se ter uma idéia da gravidade deste descaso do Governo, somente em 2006 ocorreram 4 mil arrombamentos. Deste total, só houve levantamentos em 300 deles..
“Essa falha do Governo é que gera impunidade”, disse Pereira. Ele afirmou ainda que a entidade estava com um requerimento para entregar ao Governo mostrando o real quadro da segurança e a situação dos peritos papiloscópicos.
Tadeu disse que a proposta do Governo achata o salário dos peritos papiloscópico. E citou exemplo: “O salário do perito papiloscópico inicial que trabalha na escala especial de 24 horas, se a tabela fosse aprovada, reduziria de R$ 3.493,00 para R$ 2.891”. Um outro perito concluiu: “Esse mesmo policial sem a escala especial ganha R$ 2.900,00. Com a tabela do Governo o salário seria reduzido para R$ 2.400.00.
Fonte: www.seculodiario.com
Notícia adicionada em: 5/14/2007 11:23:53 PM