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MARCAS (IN) DECIFRÁVEIS

Descobertas há 1.400 anos, as impressões digitais ainda despertam a curiosidade humana

Uma mulher chamada Francisca Rojas foi presa em Buenos Aires acusada de ter assassinado seus dois filhos. Desde o início, ela culpava o vizinho pelo crime, mas a polícia descobriu a verdadeira autoria das mortes analisando as sangrentas impressões digitais deixadas nas portas da casa. Esse caso tão assustador aconteceu há exatos 108 anos, e ficou conhecido como a primeira identificação de criminosos através de impressões digitais aceita como prova judicial ocorrido na América do Sul. Isso porque nenhum ser humano tem as marcas das pontas dos dedos iguais às de outro. Mesmo em gêmeos univitelinos, idênticos em sua forma física, as digitais e até os traços da palma das mãos e da planta dos pés não seguem a semelhança externa. Cientistas, técnicos do IML e teólogos comentam o tema partindo de pontos diferentes, mas, ao final, não se discordam. Pelo contrário: suas observações se complementam. E tornam o assunto ainda mais interessante.

Auxílio a diagnósticos
A explicação genética para o fato é bastante simples, ainda que pouco conhecida. “Digitais, pregas de flexão (dobras) e cristas (ondulações) palmares e plantares são heranças determinadas por fatores genéticos e ambientais (intra e extra-uterino)”, diz a Dra. Maria Regina Azeredo Alonso, uma das poucas geneticistas clínicas de Niterói. Ou seja, é certo de que pais e filhos sempre apresentarão linhas parecidas em seus dedos, mãos e pés, mas a movimentação do feto no útero é a principal responsável pela singularidade dessas marcas em cada ser humano. Dra. Regina conta que as impressões digitais chegam a ser 50% semelhantes entre mãe e filhos e apenas 0,8% diferentes entre irmãos gêmeos, mesmo bivitelinos (não-idênticos, gerados em placentas separadas). “Além das medidas da face e do corpo, a análise de dermatóglifos (digitais, na linguagem médica), pregas e cristas é utilizada pela genética clínica como um auxílio no diagnóstico de patologias específicas, como as síndromes de Down e de Turner e outras anomalias”, explica a geneticista.

Credibilidade
Enquanto o surgimento das genéticas clínica e molecular data da década de 1950 no Brasil e no mundo, a papiloscopia não é assim tão recente. A perícia que identifica as pessoas por meio de suas impressões papilares (digitais, palmares e plantares), utilizada nas esferas criminal e cível, começou a ser estudada pelos chineses já no século VII (sete, isso mesmo!), mas não havia recursos suficientes para que fosse desenvolvida. No Ocidente, a partir do século XVIII, os senhores de escravos sentiram a necessidade de marcar seus escravos a ferro e fogo, para que fossem facilmente encontrados em casos de fuga. Já para nobres e burgueses, o método de reconhecimento era mediante um retrato-falado, sendo posteriormente substituído pela fotografia quando esta foi inventada. Foi somente a partir do famoso crime argentino de 1892 que a papiloscopia conquistou a confiança das autoridades policiais e judiciárias de grande parte dos países do mundo, que tomaram conhecimento do fato e perceberam a importância do método na identificação de vítimas e de criminosos. “A papiloscopia é hoje a prova técnica de maior credibilidade entre quaisquer outras apresentadas nos tribunais”, afirma Izabel D’Oliveira, papiloscopista-chefe do Instituto Médico-Legal (IML) de Niterói. Ela conta que, na impossibilidade de reconhecimento por impressões digitais, existem várias outras formas de se presumir idade, sexo, raça e estatura de um indivíduo vivo ou morto – através da arcada dentária, dos lábios e da superposição fotográfica, entre outros meios.

Código ímpar
“Tanto a singularidade das digitais quanto a da íris ocular só nos fazem admirar esse Deus infinito e maravilhoso”, exclama o Pastor Josué, da Igreja Presbiteriana Betânia. Segundo ele, trata-se de um sinal de que cada um de nós nasce com uma finalidade importante e ímpar. “Já que ninguém é repetido, então ninguém veio ao mundo para fazer o mesmo que outrem. É a prova de que temos lugares específicos nos planos de Deus.” O Pastor mostra que essa individualidade dos seres humanos, interna e externamente, é citada em diferentes capítulos da Bíblia. Uma dessas vezes está no capítulo 2 do Apocalipse, em que está escrito: “Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná e também uma pedrinha branca, com um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aqueles que o recebem”. Para o Pastor, o “nome novo” citado nas Sagradas Escrituras pode ser uma referência ao que, para os cientistas, é o código genético. Talvez esse próprio enigma previsto para o final dos tempos se refira ao mapeamento total do genoma humano pelos cientistas. “Antes de o homem chegar à última de suas descobertas, Deus intervirá”, prevê o teólogo, referindo-se ao término da humanidade antes que se desvende por completo todos os segredos do corpo humano. Mas Pastor Josué não se deixa assustar ou zangar com a ambição científica: “Todos os caminhos levam e sempre levarão ao Pai. Ele não é um caminho, mas o próprio caminho”, conclui.

Fonte: www.ligjornal.com.br (ATNP)

Notícia adicionada em: 12/1/2005 1:55:45 PM

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