O Ministério das Comunicações brasileiro acaba de prestar um grande serviço aos defensores da probidade na imprensa, divulgando uma lista dos sócios e dirigentes das televisões e rádios brasileiras, que logo de cara traz 56 deputados e senadores como sócios ou parentes de sócios de órgãos de imprensa:

Classificado de “caixa-preta”, o cadastro dos donos de rádios e TV no país – onde estão os nomes de 56 deputados e senadores que são sócios ou têm parentes no controle de emissoras – passará a ser divulgado em caráter definitivo pelo Ministério das Comunicações.

O cadastro traz um mapa das 291 TVs, 3.205 rádios e 6.186 retransmissoras comerciais existentes no Brasil.

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Em março, a Folha publicou uma matéria relevante sobre o mecanismo de uso de “laranjas” por políticos para a compra de concessões de rádios e TV’s. É interessante observar os nomes das listas e ver quem são os “donos” da imprensa brasileira. Muitos nomes célebres da política nacional são signatários de órgãos de imprensa, que certamente têm sua imparcialidade significativamente comprometida por isso.

Não é à tôa que temos órgãos de imprensa cada vez menos ativos em causas coletivas de modo responsável e aprofundado. Geralmente, as tevês, rádios e jornais têm partido político e candidato definidos, e fazem a defesa dos seus interesses de modo velado, manipulador e perverso, sob a presunção da “imparcialidade”. Neste ambiente, o que há de novo é a descentralização proporcionada pela internet, que autorizou qualquer cidadão a dizer o que pensa e vê sem precisar de uma megaestrutura de mídia.

Hoje, a voz dos indivíduos reunidos pode até fazer frente ao uníssono daqueles que ocupam o palanque. Quem não quiser ficar a mercê do microfone dos outros, que se manifeste através do grito da própria voz.