• A técnica na tomada de impressões papilares é de grande importância. Na individual datiloscópica repousa a identidade das pessoas, e oficialmente utilizamos o Sistema Datiloscópico Decadatilar de Vucetich por oferecer maior facilidade de arquivamento e pesquisa. Consiste o método em fixar sobre um papel padronizado com 10 quadrículas destinadas à colocação dos dedos entintados, dos quais 5 da parte superior pertencentes a mão direita e 5 da parte inferior pertencentes a mão esquerda. Lembrando que para os Sistemas Quiroscópico e Podoscópico, o emprego de material e técnica de coleta são diferentes.
• Na tomada de impressões temos que considerar 3 casos: a do recém-nascido, a do adulto e a do cadáver.
• Foram tentados vários processos para se conseguir a identificação dos recém-nascidos. As dificuldades residem sob o ponto de vista técnico, tais como: mãos constantemente fechadas, dedos excessivamente pequenos, pouca saliência das cristas papilares, além de extrema finura dos dedos.
Por isso, o sistema de identificação utilizado nas Maternidades é o Podoscópico e tem enorme aceitação. As impressões plantares são mais fáceis de serem coletadas e sujam menos. Este problema vem sendo estudado no Brasil com grande interesse e é com grande ansiedade que a opinião pública aguarda a sua solução. Acreditamos que em breve colocaremos fim às tão frequentes trocas de bebês nas Maternidades do país.
• O procedimento para a tomada de impressões fica a cargo de um identificador treinado e habilitado para esta tarefa. No caso dos recém-nascidos, são utilizadas as impressões plantares e o preenchimento de uma ficha com os dados pessoais do bebê. Também observa-se a existência de anomalias. No caso de adultos, o identificador deve verificar se as mãos do identificado estão limpas e secas, observar se há anomalias e amputações, além de entintar os dedos de maneira correta.
Após estampar os desenhos digitais, anotar as cicatrizes ou anomalias existentes , verificar se os desenhos estão nítidos e se foram colhidos os deltas, de modo que possam ser classificados. Preenche a ficha com os dados pessoais, anotando se a pessoa tem doença mental, é analfabeto, ou se tem problemas de alergia, hanseníase, etc…No caso de cadáveres, a identificação é feita por papiloscopistas e não por identificadores, pelo menos aqui no Rio de Janeiro. Em se tratando de morte recente, a tomada de impressão se faz ordinariamente, após lavadas as mãos do morto com água quente e sabão, ou se utilizando técnicas de desarticulação que permitam os movimentos rotativos para a realização da coleta das digitais. Para obter as impressões de cadáveres afogados em que a digital encontra-se rugosa, aconselha-se injetar substâncias oleosas até encher a polpa digital ou fazer o desluvamento cirúrgico. Depois da tomada de impressões, preenche-se os dados relacionados com o cadáver para ser confirmada sua identidade através do reconhecimento por documento apresentado pela família (carteira de identidade ou carteira de trabalho) ou por pesquisa realizada nos Arquivos Datiloscópicos.
• Uma tomada de impressões digitais mal feita prejudica o requerente de uma carteira de identidade, que espera mais de um mês por ela, ou em outro caso, pode atrasar o reconhecimento de um cadáver cuja família esteja esperando para sepultar. A falta de técnica e de responsabilidade com a coisa pública é uma reclamação unânime dos papiloscopistas no Rio de Janeiro a anos, quanto ao trabalho realizado por identificadores terceirizados, conveniados ou despreparados para lhe dar com o público de forma eficiente. Para se ter uma idéia, mais de 15% das fichas criminais que vêm para a Pesquisa no Arquivo do I.I.F.P. diretamente das Delegacias são rejeitadas e pedidas novas fichas por falta de nitidez, falta de técnica, falta de dados, e etc.
Topografia Digital
• Os dedos são o prolongamento da mão, dispostos em fileira, um ao lado do outro, na ordem convencional de: polegar, indicador, médio, anular e mínimo. O número normal de dedos em cada mão na espécie humana é igual a 5. O dedo polegar, em oposição aos demais, possui apenas falange e falangeta. Os dedos guardam distância entre si e apresentam duas faces: uma dorsal e outra palmar. Na face dorsal, existem alguns pelos e na extremidade, a unha. Na face palmar existe a Epiderme, que dá origem a cristas pailares e sulcos interpapilares formando os desenhos digitais.
• O datilograma, nome técnico do desenho digital, divide-se em 3 áreas, limitadas pelas linhas diretrizes, a saber:
REGIÃO BASILAR: é formada pelo conjunto de linhas existentes entre a prega interfalangeana e a terceira linha abaixo do ramo descendente e ascendente do delta.
REGIÃO NUCLEAR: é formada pelo conjunto de linhas que cicunscrevem o centro do datilograma, ou seguindo a diretriz superior até o ramo ascendente do delta.
REGIÃO MARGINAL: é formada pelo conjunto de linhas do ápice e das laterais do datilograma até a linha imediata que acompanha a diretriz superior do delta.
Identificação de Recém-nascidos
• Neonatal é o período inicial da vida do recém-nascido. Pode-se chamar recém-nascido à criança até os quatorze dias de vida.
• Identificar uma criança recém-nascida pelo processo datiloscópico, não é tão fácil como alguns autores colocam. Ao nascer, o bebê apresenta a pele num vermelho violáceo, no caso da criança de cor clara, o corpo recoberto por uma camada de uma substância viscosa espessa, e pêlos finos cobrem todo o corpo. Seu aparelho tegumentar é muito delicado, sensível, exige muito cuidado; facilmente sujeito à irritação e infecções. Na primeira semana, o rubor da pele desaparece, há uma descamação abundante da epiderme, promovendo a queda da lanugem. As glândulas sudoríparas pouco desenvolvidas produzem escassa quantidade de suor, diferente das glândulas sebáceas que produzem abundante secreção sebácea.
• A verdadeira identificação do ser humano é por meio das impressões papilares; e o método mais fácil é o Datiloscópico, pela grande facilidade de permutação de fórmulas numéricas que o Sistema Decadatilar oferece. Foram tentados vários processos para se conseguir coletar as impressões digitais dos recém-nascidos, todos ou quase todos sem bons resultados.
• Carlos Urquijo, divide o processo de identificação dos recém-nascidos em: processos naturais e artificiais.
• Os processos naturais consistem no assinalamento descritivo no Sistema Antropométrico, na fotografia, e no Sistema Papiloscópico. Estes processos com exceção do Papiloscópico, não oferecem segurança e nem resultados favoráveis. Apesar de ser o processo datiloscópico seguro e infalível na identificação do ser humano, e sua aplicação no recém-nascido ser perfeitamente possível, encontramos porém, algumas dificuldades de ordem técnica para a coleta das impressões digitais, visto que a falta de nitidez é constante nestes casos. Algumas técnicas são empregadas para remover esta substância sebácea que recobre a pele do bebê, mas ainda não se obteve bons resultados. Diante dessas dificuldades de coleta de impressões e de outras, tais como: pessoal técnico habilitado para este serviço nas Maternidades e falta de incentivo do Governo para resolver definitivamente os casos de trocas de bebês, só contamos com a boa vontade dos pesquisadores de Universidades e dos próprios colegas papiloscopistas que sabem da importância e repercussão deste problema na sociedade. Portanto, segundo a lei, servem para identificação dos recém-nascidos apenas as impressões plantares que têm os mesmos atributos das digitais e palmares.
• Os processos artificiais consistem em marcar o bebê com o nome dele, letras, números, palavras aplicadas ao corpo da criança por meio de tinta, esparadrapo, fita adesiva, medalhinhas, etiquetas ou pulseiras que permitam a sua identificação e evitem a troca nos berçários. Uma de nossas sugestões seria dar um treinamento ao pessoal das maternidades, encarregados de identificar os bebês, com uma tinta adequada e dermatológicamente testada, evitando-se que se coloque “borrões”, em vez de imagem papilar.
Identificação Cadavérica
• O reconhecimento da identificação individual do cadáver, por meio de suas impressões digitais, anula a prova testemunhal e os falhos reconhecimentos por outros processos.
• O reconhecimento visual para fins de identificação de cadáver é feito por meio de uma linguagem especial dos dados fisionômicos usados para a montagem do retrato-falado. Esse método de identificação é falho e inseguro. Muita gente, mulheres e jovens, têm medo de se aproximar do morto. Limitam-se a um exame superficial e ligeiro. Ora, a imobilidade da fisionomia, o embaraçamento do olhar, a máscara hipocrática, a alteração da cor da pele e das mucosas modificam sensivelmente a fisionomia do morto. Isso no caso de morte natural.
• Entretanto, quando se trata de morte violenta, as lesões, os ferimentos, as manchas de sangue, as tatuagens provocadas pela incrustação da pólvora incombusta no tegumento cutâneo, a atitude insólida do cadáver, os traumatismos, os esmagamentos, as amputações, decapitação, o dilaceramento do corpo, a putrefação, a carbonização; tudo isso, forma um quadro dantesco e profundamente traumatizante que fatalmente concorrerá para dificultar a identificação dando causa a erros ou impossibilitando uma afirmativa absoluta.
• Já a prova datiloscópica estabelece com segurança a identidade do cadáver para fins médico-legais, criminais, judiciários, além de casos de presos, indigentes e desconhecidos. Somente os Arquivos Datiloscópicos evitam que seres humanos sejam sepultados como “cadáver desconhecido”.
• O primeiro caso de reconhecimento de cadáver através das impressões digitais foi feito em setembro de 1896 por Juan Vucetich. Nesta época, foi encontrado o cadáver de um desconhecido nas ruas de La Plata, na Argentina e que após o exame datiloscópico foi identificado como sendo o ex-sentenciado Carlos Casali, libertado em agosto do mesmo ano do Presídio de Sierra Chica.
• Depois do advento da Datiloscopia, como ciência positiva de identificação, passou a ser possível a identificação dos cadáveres desconhecidos, em razão: dos princípios científicos de imutabilidade, perenidade, classificabilidade e variabilidade; e da técnica desenvolvida para tomada de impressões cadavéricas.
• Assim, depois da morte, e antes da completa putrefação cadavérica, é perfeitamente possível identificar o cadáver desconhecido, pelas impressões papilares. Em se tratando de morte recente, a tomada de impressão se faz ordinariamente, após lavadas as mãos do morto com água quente e sabão; a água quente aconselhada por Xavier da Silva, tem a finalidade de permitir a mobilidade natural dos dedos. Na impossibilidade de amolecer os dedos para o entintamento, Eugene Stockis sugere que se seccione os tendões flexores ou que se desarticule a munheca, permitindo os movimentos rotativos para a tomada das impressões. No caso de putrefação iniciada, recorre-se ao que nos ensina Rechter, no seu trabalho “A Identidade do Morto”. Chama-se regeneração plástica, a recomposição da silhueta das extremidades digitais. Para obter as impressões dos cadáveres afogados, em que a digital encontra-se rugosa, provocando largos sulcos sobre a imagem digital, aconselha-se injetar substâncias oleosas até encher a polpa digital, a fim de evitar o enrugamento da pele. Já Xavier da Silva recomenda o desluvamento cirúrgico no caso de adiantado estado de putrefação com o descolamento da epiderme.
• Entretanto, o trabalho de identificação de cadáver, aqui no Estado do Rio de Janeiro é conjugado entre os Papiloscopistas que tomam as impressões do cadáver no I.M.L. e os Papiloscopistas que pesquisam no Arquivo Datiloscópico do I.I.F.P. Essas guias de cadáver, mesmo incompletas, seguem para o Setor de Reconhecimento de Cadáver do I.I.F.P. para exame analítico e conjugação de fórmulas datiloscópicas com o manuseio de dezenas de maços de individuais para se chegar a identidade do desconhecido. Isso propicia que diversas famílias possam enterrar seus mortos, dando-lhes uma sepultura e assegurando os seus direitos na ordem civil.
• A relevância na identificação do cadáver é de poder estabelecer com exatidão a identidade do morto, legitimando-se os direitos de sucessão e a extinção da punibilidade caso haja.
• Não há obrigatoriedade da identificação de cadáver, somente os cadáveres de desconhecidos ou vítimas de morte violenta ou suspeita, são identificadas datiloscopicamente quando recolhido ao I.M.L. Existem vários processos criminais envolvendo pessoas que tentaram substituir impressões digitais de um cadáver por pessoa viva, visando receber prêmio de Seguro de Vida. Se houvesse uma cláusula no Contrato de Seguro de Vida, estabelecendo a obrigatoriedade de aposição do polegar direito na apólice de seguro e o confronto desssa marca papilar na ocasião do óbito, evitaria ou melhor, impediria que “vivo morto” recebesse o prêmio do seguro. O mesmo aconteceria, em relação aos problemas com a Previdência e a liberação de pensões fantasmas.
• A morte traz inúmeras implicações. No foro cível: abre a sucessão, o domínio e a posse de herança e é a certidão de óbito, o documento hábil para comprovação da morte. No foro criminal: extingue-se a punibilidade pela morte do agente, art 108 do C.P.B. Existem também as implicações de natureza familiar, cujo envolvimento sentimental pode provocar desorganização familiar e transtornos; de natureza obrigacional, cuja parte relativa aos vínculos jurídicos, de natureza patrimonial, obedecem as regras dos Direitos Obrigacionais. Toda relação obrigacional pode extinguir com a morte de uma das partes. Os compromissos comerciais, os de natureza profissional, e os encargos comerciais podem ser transferidos ou extinguidos com a morte. Entretanto, o direito de ressarcimento ao dano causado ao patrimônio de alguém, esse não se extingue, mesmo que seja da forma de penalidade, a herança cobrirá os prejuízos.
Identificação e identidade
• Pode-se dizer que a luta pela sobrevivência da espécie foi a primeira razão para o Homem dar importância a identificação de si e de seus objetos.
• Apesar de cada coisa possuir características diferentes, o Homem da caverna podia distingui-las, porém não tinha capacidade para descrevê-las. Assim sendo, para identificar o seu semelhante, o fazia pelo cheiro do corpo, pela voz, pela compleição física ou pela vestimenta. Para identificar os seus objetos, usava uma marca qualquer em decalque, de forma que não tivesse dúvidas quanto à sua propriedade.
• A sociedade humana foi evoluindo e descobrindo que “a mão é uma obra-prima” (Carrel), com ela dominamos a matéria e construímos o mundo em que habitamos. Os dedos das mãos permitem ainda que a sociedade assinale e afaste de seu convívio, aqueles que atentam contra as suas normais condições de existência.
• É hoje condição indispensável à convivência social, a posse de documento que assegure a fácil identificação de cada um. Antigamente a identificação visava apontar malfeitores e criminosos reincidentes. ….Vários processos foram sucessivamente usados para esse fim e depois abandonados. Na Índia, os culpados eram marcados na fronte com ferro em brasa. Na Grécia e em Roma, eram assinalados na testa com as iniciais do crime cometido. Cortar a orelha ou seccionar as narinas foram também recursos empregados. Posteriormente, as marcas assinaladoras passaram a ser feitas nas mãos e nos braços.
• No século XX, com o estudo mais aprofundado das impressões digitais, temos um extraordinário método de identificação que com mais segurança e sem humilhar a personalidade humana, que deve ser respeitada mesmo no criminoso, possue grande eficácia, fácil aplicação e controle absoluto sobre o resultado.
• Como sabemos, cada coisa possui seus caracteres próprios e o Homem sempre sentiu essa necessidade lógica de identificar e distinguir uma coisa da outra. Dessa forma, os caracteres próprios de cada coisa são seus sinais individualizadores. Como exemplo temos o nome, como primeiro sinal individualizador. Por isso, definimos a IDENTIDADE como o conjunto de sinais somáticos que diferenciam uma coisa da outra, ou uma pessoa da outra; e a IDENTIFICAÇÃO, definimos como o processo mecânico de se colher os sinais individualizadores para estabelecer a identidade.
• Com a evolução do Direito e o crescimento populacional, os métodos de identificação foram sendo aperfeiçoados e hoje em dia, temos capacidade para estabelecer com precisão absoluta a identidade dos seres humanos.
• Não há no mundo duas coisas iguais; não há na natureza dois seres vivos exatamente iguais, embora a semelhança seja extraordinariamente suficiente para produzir enganos. Estima-se, em 5 bilhões de seres humanos, aproximadamente, que habitam o Planeta Terra, sem que nenhum seja exatamente igual ao outro.
• Há particularidades mínimas que permitem estabelecer diferenças entre coisas ou seres que muito se assemelham. Assim sendo, uma coisa ou um ser humano são idênticos a si mesmo. Este é o Princípio da Individualidade estabelecido pela identidade de uma coisa ou pessoa.
Sistemas de Identificação
• Sistema Onomástico
– Consiste na organização de um arquivo através do nome civil das pessoas naturais, formando grupamentos familiares dentro da Sociedade Humana. O método de identificação pelo nome pessoal é muito prático, embora a pesquisa num arquivo de grandes proporções se torne difícil, tendo em vista os casos de homonímia, nomes comuns, alterações por ocasião de: casamento, legitimidade e reconhecimento, retificação, adoção, separação judicial e divórcio. O método de identificação humana através das linhas papilares se faz acompanhar de um arquivo nominal, para melhor aplicação por ser mais simples. Apenas as impressões papilares sem o nome nada dizem.
• Sistema Cromodérmico
– Jeremias Benthan apresentou em 1832, o Sistema de Identificação Humana através da tatuagem. O processo consistia em tatuar na parte interna do antebraço direito, letras e números que distingüiam os tipos de identificação. As letras eram usadas para a identificação civil e os números para identificação criminal. Os nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, usaram este método nos campos de concentração, em que os judeus eram marcados e identificados com números seguidos por uma estrela de 6 pontas em seus braços. Foi por crueldade que os nazistas optaram pela tatuagem para cadastrar seus prisioneiros, visto que nesta mesma época, na Alemanha, usava-se o Sistema Datiloscópico de Henry, Windt e Kodochek. Por ser estigmatizante, doloroso, sujeito a infecção e a reações cutâneas das mais diversas, o Sistema Cromodérmico foi considerado como um método bárbaro e falho. Por essas razões, não teve aceitação na identificação civil, por ser de fácil adulteração e por existirem processos que fazem desaparecer o desenho gravado na tatuagem. Também não adquiriu confiabilidade na identificação criminal.
• Sistema Fotográfico
– A fotografia desempenha considerável papel e tende a substituir cada vez mais a observação visual. Conserva documentos e permite comparações após longos anos. A fotografia é considerada documento, pois constitue instrumento de prova e grava o momento em que o ato de fotografar é executado, documentando tudo aquilo que estiver a seu alcance. A primeira pessoa no mundo a tirar uma verdadeira fotografia, se a definirmos como uma imagem inalterável produzida pela ação direta da luz, foi o notável francês Josef Nicephore Niepce, em 1826. Mas, foi o físico inglês William Henry Fox Talbot, que inventou o primeiro sistema simples para a produção de um número indeterminado de cópias, a partir da chapa metálica.
– A possibilidade de tirar retratos fiéis com rapidez e poucos gastos, foi o segredo da popularização da fotografia, e em especial, dos processos de identificação. Na identificação, têm múltipla aplicação: serve como complemento da qualificação; aplicável nos locais de crime; além de contribuir para perícia documental e médico-legal. Na perícia papiloscópica emprega-se a fotografia relativamente às impressões papilares deixadas nos locais de crime, com a finalidade de estabelecer a sua identidade. Na perícia criminal, quando se trata de fotografar um cadáver num local de crime, ou de acidente, convém-se obter o que se chama de fotografia estereométrica.
– Na perícia médico-legal, o laudo deve ser acompanhado de fotografias coloridas, com o objetivo de ilustrar os tipos de lesão constatados durante o exame.Foi realmente, um grande passo científico na evolução nos Sistemas de Identificação, com ótimos resultados dentro dos organismos policiais. As Polícias das grandes cidades têm coleções de retratos de criminosos, inclusive em álbuns informatizados, tornando útil a busca na tentativa da localização de um criminoso, mesmo que ele use disfarces. Com o aparecimento das primeiras reproduções fotográficas de documentos, surgiu a preocupação em se periciar sempre documentos originais. As falhas em relação a este Sistema, acontecem quando nos deparamos com gêmeos idênticos, sósias e criminosos habilidosos em disfarces e cirurgias plásticas.
• Sistema Craniográfico
– Luigi Anfosso, lançou o Sistema de Identificação baseado nas medidas do crânio. Inventou um aparelho para medir o perfil craniano, o qual batizou de “craniógrafo”. Este instrumento serviu também, para tomar as medidas de angulosidade entre os dedos indicador e médio da mão direita, com o fundamento que essas medidas variavam de pessoa para pessoa.
• Sistema Otométrico
– Frigério em 1888, lançou um Sistema de Identificação Humana baseado na imutabilidade e variabilidade do pavilhão da orelha. Tomam-se as várias medidas da orelha, com o auxílio de um aparelho inventado por ele, chamado de “otômetro”. As medidas são as seguintes: a distância entre o pavilhão da orelha e a parede craniana; o diâmetro mínimo da orelha; o diâmetro máximo da orelha.
• Sistema Venoso
– Arrigo Thamassia lançou em Roma, em 1908, um Sistema de Identificação Humana baseado nas ramificações venosas do dorso das mãos. Este Sistema tem como fundamento a permanência e a variabilidade das veias, de mão para mão e de pessoa para pessoa, considerando também o aspecto visível e inalterável voluntariamente.
– O sistema de Thamassia, apresenta 5 grupos de classificação: arco; configuração arboriforme; configuração reticulada; configuração em forma de “V”; e reunião de dois ou mais tipos.
– Ameuille, lançou em l909, outro sistema baseado nas ramificações venosas do frontal, adotando a mesma classificação de Thamassia e os mesmos fundamentos de permanência e variabilidade.
• Sistema Oftalmoscópico
– Levinsohn, lançou um Sistema de Identificação baseado na extensão do nervo ótico, mácula lútea e ponto cego, após fotografar e examinar o fundo do olho. João Mauricio Capdeville, lançou um Sistema de Identificação Humana baseado na medida e cor dos olhos. As medidas são tomadas com o auxílio do “oftalmômetro”, de Javal e Schiotz, modificado por Capdeville e pelo “oftalmostatômetro”, aparelho inventado pelo próprio Capdeville. A determinação da cor dos olhos é feita através da tabela de classificação da íris elaborada por Alphonse de Bertillon. No Sistema de Capdeville, utiliza-se os seguintes elementos dos olhos: medida da curvatura da córnea; medida da distância interpapilar; medida inter-orbitária; anotação da cor da íris; anotação dos caracteres particulares dos olhos. Sistema Radiográfico
– Levinsohn, lançou também um sistema baseado no exame radiográfico dos ossos da mão e do pé, conseguindo estabelecer com precisão absoluta, as medidas dos ossos metacarpos e metatarsos.
• Sistema Parafinoso
– Locard, lançou em Marselha no ano de 1910, um Sistema de Identificação Humana com o emprego da parafina. Aconselhou a aplicação de injeções subcutâneas de parafina na região escápulo-umeral direita, que deixavam um nódoa indelével.
• Sistema Odontológico
– Oscar Amoedo, lançou um Sistema de Identificação de criminosos, através da arcada dentária. O método consiste em classificar e arquivar as impressões dentárias dos criminosos, para confrontá-las posteriormente. Entretanto, este sistema tem sido aplicado para os casos de identificação de cadáveres em adiantado estado de putrefação, calcinados ou ossada humana, quando não há possibilidade de recorremos à PAPILOSCOPIA. O serviço de Identificação de São Paulo, criou um sistema prático de classificação e arquivamento, baseado na “Ficha Rugoscópica Palatina”, sugerindo que todos os dentistas, encaminhassem a ficha tirada da arcada dentária dos clientes, para efeito de arquivamento no referido serviço. No caso de colocação de dentaduras, sugeria aos profissionais dentistas, que colocassem no paladon uma marca que pudesse identificar o autor da prótese.
• Sistema Poroscópico
– Edmond Locard, dedicou-se aos estudos dos poros, especialmente na aplicação do Sistema de Identificação Humana. Baseado nos estudos realizados por Arthur Kolman em 1883, sobre as eminências papilares que se apresentam na face palmar e plantar, Locard chegou a conclusão que é possível estabelecer a identidade de uma pessoa com precisão por meio dos poros contidos nessas cristas papilares.
– O Sistema Poroscópico não é complicado, desde que o perito se utilize, para a colocação do desenho digital, de reagentes químicos adequados. Com esse processo microfotográfico, as cristas papilares aumentam de 10 a 15 mm de largura, e os orifícios sudoríparos surgem nitidamente, discerníveis nas suas minúncias, no diâmetro de 6 a 8 mm. Desta forma pode-se estabelecer com absoluta segurança a identidade do fragmento papilar, principalmente quando for deficitário o número de pontos característicos na peça motivo. Os poros tem os mesmos princípios científicos que as papilas. O método poroscópico leva em conta: a quantidade, a posição, a dimensão e o formato dos poros. A tomada de impressões poroscópicas exige uma técnica especial e mais demorada. Sistema Papiloscópico
– A Papiloscopia é a ciência que estuda os desenhos papilares formados nas seguintes regiões: digital, palmar e plantar. A Datiloscopia estuda os desenhos digitais. É a que tem o melhor método de arquivamento, facilitando a busca da identidade. A Quiroscopia estuda os desenhos formados na palma da mão. Ainda não tem aplicação nos dias de hoje. A Podoscopia estuda os desenhos formados na planta do pé. É o sistema usado na identificação dos recém-nascidos. Na falta das mãos, é o que melhor substitue o Datiloscópico.
– De todos os Sistemas de Identificação apresentados, o Sistema Papiloscópico preenche há mais de um século, os requisitos básicos de segurança e respeito à pessoa humana, no sentido de estabelecer de forma rápida, simples e eficaz a identidade do indivíduo, garantindo sua integridade, estabelecendo direitos e deveres.